Publicado em 28/06/2011
Poeta dos Tapumes lança reedição dos seus livretos
Por Paula Valviesse
Gilson de Abreu Marinho ou como é conhecido, o Gilson do Giz, lançará uma reedição especial dos livretos de poesia escritos ao longo de sua carreira como artista de rua. O poeta ficou conhecido em Nova Friburgo e no Rio de Janeiro por escrever trovas e poesias em tapumes de construção, muros e fachadas utilizando apenas giz e muita criatividade. Paralelo a esses trabalho ele também publicou onze livretos, o primeiro chamado “32 Trovas do Poeta dos Tapumes” e dez edições intituladas “Literatura de Tapume”.
A publicação dos livretos aconteceu como conseqüência do trabalho de Gilson como artista, para fazer uma síntese de tudo que ele já havia criado. Uma maneira de registrar o que era escrito por ele para que as pessoas pudessem também levar para casa um pouco de sua literatura de rua. “No Rio de Janeiro a venda foi muito boa, as pessoas chegavam a formar filas para esperar um autógrafo, porque também era um hábito das pessoas de só levar se tivesse o autógrafo do artista” – conta Gilson.
A reedição dos livretos trará um apanhado das principais trovas do artista, que sempre se preocupou em manter um estilo objetivo, que chamasse a atenção das pessoas que passassem pelo local onde havia deixado sua marca. “Eu escrevia sempre versinho de quatro linhas, com pensamento completo, e sempre com a preocupação de colocar aquilo ali metrificado e rimado, porque eu acho que assim atrai um interesse especial das pessoas de memorizar. E também porque eu não era muito bom de escrever poemas longos com muito desenho” – diz o poeta.
A vontade de escrever na rua começou quando Gilson tinha 28 anos, mas até mesmo por vergonha ele começou de uma maneira tímida, escrevendo poucos versos em locais não tão movimentados. Como explica Gilson, O primeiro empurrão para que ele colocasse sua arte na rua foi quando viu que o local onde havia escrito uma de suas trovas tinha sido completado com versinhos escritos por crianças: “Eu tinha 28 anos e vivia com medo de escrever na rua e achei que aquilo fosse um incentivo, parecia que as crianças diziam gostei dos seus versinhos e decidi escrever aqui também os meus”.
Utilizando giz bem molhado Gilson escrevia suas poesias, chegando a trabalhar por um tempo como “publicitário de rua”, desenhando propagandas de shows e espetáculos teatrais. A escolha do material foi devido ao baixo custo e facilidade de carregar. “Escrever e desenhar nas ruas utilizando cores, com tintas, criava problemas, por causa do preço e do tempo gasto para desenvolver um trabalho e por ter que pedir a autorização das pessoas para pintar em suas paredes. Já o giz sai com o vento, com a chuva” – ressalta Gilson.
O poeta chegou também a trabalhar por um período como funcionário da prefeitura do Rio de Janeiro, utilizando sua arte que era exposta em tapumes organizados pelo governo do então prefeito Marcelo Alencar, no chamado Gizódromo. “Como a trova não estava mais me dando sobrevivência o prefeito Marcelo Alencar me deu um emprego onde eles criaram um painel especial para eu escrever meus versos em locais apropriados” – diz o poeta que até então já havia sido detido algumas vezes por pichação.
Aos 66 anos, a intenção de Gilson é poder presentear amigos e familiares com uma nova edição, uma coletânea dos trabalhos feitos. “O livreto terá uma média de 70 trovas alternadas com desenhos. Algumas dessas ilustrações têm ou não ligação com as trovas, sendo que a maioria eles transmitem uma mensagem própria. Eu quero publicar para poder oferecer aios meus amigos, não viso muito à venda, posso até fazer uma experiência nas bancas, mas sem muita expectativa” – explica Gilson.
5 comentários:
Lembro de ter visto muitas vezes os versos do Gilson quando saía da escola. Não sabia que havia publicações dele. Irei procurar quando voltar a Friburgo.
Parabéns pelo trabalho e obrigado por colocar um pouco de poesia nas nossas vidas!
Lembro de ter visto muitas vezes os versos do Gilson quando saía da escola. Não sabia que havia publicações dele. Irei procurar quando voltar a Friburgo.
Parabéns pelo trabalho e obrigado por colocar um pouco de poesia nas nossas vidas!
Lembro dos versos do Gilson nos tapumes do Metrô.
Quando o encontrava escrevendo, ficava olhando ate ele concluir a poesia.
Ele também criou um personagem que lembrava os trabalhadores do Metrô.
Bons tempos.
PIQUIRÍNGUS, operário (do Metrô carioca), que mereceu e teve, do Drummond, uma crônica inteira no JB em 26-10-1978.
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